Substituto do leite materno para filhotes de gato
Gente, quem gosta e cuida de gatos um dia vai passar por essa situação, ter um gatinho órfão ou que por algum motivo não pode receber o colostro da mãe e por isso vai depender inteiramente de você para sobreviver. Não é coisa de outro mundo, mas a responsabilidade de cuidar é a mesma de qualquer bebê, tem hora e quantidade certas. Mas aí vai uma receita que achei no site Cachorro Verde bastante completa, assim como aquele leitinho da gata.
Dica: mantenha essa receita guardada com você para emergências!
Essa fórmula caseira chega bem perto dos constituintes do leite da gata, que contém 42,2% de proteína, 25% de gordura, 26.1% de carboidrato e 6,7% minerais. O substituto do leite felino contém 44% de proteína, 25% de gordura, 26% de carboidratos e 4% de minerais. A proporção de cálcio e fósforo adotada é de 1.2 para 1, ou seja, bastante próxima do que é considerado ideal atualmente.
Receita:
- 2 xícaras de leite integral (se possível, de cabra)
- 2 ovos grandes
- 5 colheres de chá de pó de proteína (de fontes animais)
- 1/8 de colher de chá de pó de casca de ovos
- 2-3 gotas de limão
- o equivalente à dosagem de um ou dois dias de complexo vitamínico para um gato adulto, em pó ou em comprimido, porém triturada
- 100mg de suplemento de taurina (se já estiver presente no complexo vitamínico para gatos, não precisa)
Rende: 3 xícaras de fórmula, cerca de 190 calorias por xícara.
Observações:
Se não for possível comprar leite de cabra integral, procure optar por leite A integral de vaca, não submetido ao processamento UHT - como os das marcas Xandô ou Leite da Fazenda. São opções mais "puras" e nutritivas, com um perfil de proteínas mais adequado às necessidades de carnívoros como os cães e os gatos.
O pó de proteína é um opcional que, como o próprio nome explica, aumenta os níveis protéicos da fórmula. Escolha um produto à base de albumina, sem sabor, composto por 80% de proteína de origem animal. Produtos similares à base de soja não são adequadas para filhotes. A proteína em pó pode ser comprada em lojas de suplementos para atletas.
As gotas de limão também são opcionais, mas elas ajudam a acidificar a fórmula, o que potencializa a absorção do cálcio do pó de casca de ovos no intestino do filhote.
Caso prefira optar por uma fonte de cálcio diferente, como gluconato ou lactato de cálcio, consulte um médico-veterinário para determinar a quantidade a ser oferecida. Não suplemente o cálcio sem o devido conhecimento. O excesso de cálcio faz mais mal do que uma leve deficiência deste mineral. Vale lembrar também que o cálcio porventura presente em complexos vitamínico-minerais para cães e gatos geralmente não contém esse mineral em quantidade suficiente.
Preparo:
Misture bem os ingredientes. Aqueça a mistura à temperatura do corpo e ofereça usando mamadeira de boneca, conta-gotas, seringa ou mamadeira própria para filhotinhos. É importante que o leite seja oferecido sempre aquecido. Para isso coloque a mamadeira dentro de uma panela com água quentinha (não muito quente). Mas atenção: precisa ficar à temperatura do corpo, caso contrário, o leite provocará queimaduras na boquinha e no esôfago do filhote. Para evitar acidentes, não use o microondas para aquecer a fórmula. Antes de oferecer pingue algumas gotas na parte interna de seu pulso ou afira a temperatura usando um termômetro. A fórmula deve estar a 38 graus centígrados.
Como oferecer:
Fonte: shelbypets.com
Ofereça a cada gatinho apenas o suficiente para aumentar discretamente o abdômen, sem distendê-lo. Cuidado para não se empolgar. Interrompa a "mamada" antes do gatinho perder o interesse, ou ele consumirá demais. O importante não é o volume oferecido a cada mamada, e sim a regularidade da oferta.
Após cada "refeição", é preciso ter cuidados importantes. Coloque o filhotinho para "arrotar", como é feito com os bebês humanos. Essa dica é da Camilli Chamone, criadora de French Bulldogs. Massageie gentilmente a barriguinha do filhote para estimular o trânsito intestinal. Com um algodão limpo embebido em água morna, esfregue gentilmente a região genital e anal. Com isso você imita a mamãe gata, que lambe essas regiões para estimular a micção e a defecação nos gatinhos. Quando o filhote completar três semanas de vida, você pode começar a adicionar um pouco de aveia cozida ou um pouquinho de fígado, rim ou coração moído à fórmula. Da 4ª a 6ª semana promova o desmame. Com seis semanas de vida, os gatinhos já estarão comendo tudo na vasilha!
Diarréia
Um desafio em relação a alimentar artificialmente gatinhos e cãezinhos órfãos é a diarréia que pode resultar da oferta de fórmulas desbalanceadas ou do fornecimento excessivo de fórmula. Até que você adquira alguma experiência, tenha muito cuidado para não oferecer em excesso. Se ocorrer diarréia, procure o veterinário. Pode ser preciso dar fluidos de reposição eletrolítica por via oral.
Aqui vai uma fórmula herbal bastante útil para tratar diarréia em filhotes novinhos. Prepare um chá de camomila: adicione 470mL de água fervente à 2 colheres de chá de erva de camomila desidratada (a "de verdade", não a de saquinho de chá). Deixe infundir por 10 minutos, coe e acrescente ½ colher de chá de sal marinho. Dê uma dose - o equivalente a uma mamada de alguns minutos - três vezes ao dia. Entre cada dose, administre a solução eletrolítica via oral, de acordo com a recomendação do veterinário.
Constipação
Constipação é outro problema que pode ocorrer. Geralmente resulta da oferta de pouca fórmula ou de estimulação insuficiente para defecação após as mamadas - uma tarefa que cabe a você. Quando ficam constipados, cãezinhos e gatinhos apresentam barriguinhas estufadas e ficam apáticos. Podem se afastar do ninho e se tornam frios ao toque. É sinal de que não estão nada bem. Uma opção de tratamento sem efeitos colaterais é com o remédio homeopático Nux Vomica na potência 6CH. Uma única administração geralmente é o suficiente. Pode-se dissolver os glóbulos homeopáticos (as bolinhas) em um pouco de água filtrada e pingar algumas gotas na boquinha do filhote. Se o cãozinho ou gatinho continuar constipado, chame o médico-veterinário.
Fonte:
"Dr. Pitcairn's Complete Guide to Natural Health for Dogs & Cats", de 2005, escrito pelo médico-veterinário norte-americano Richard Pitcairn, homeopata e Ph.D em Imunologia.
Bibiografia recomendada:
- Canine Nutrition: DVM Lowell Ackermann, 1999, ed. Alpine
- The Nature of Animal Healing: DVM Martin Goldstein - 1999, ed. Ballantine Books